Temos que ser justos ao analisar a saída do Brasil da Copa de 2010 nas quartas de final: a culpa não foi de Dunga. Ou, se foi, foi culpa apenas em última análise, por ter sido ele quem escalou a equipe, mas não foi culpa direta.
O que eu quero dizer com "culpa direta" é que não fomos eliminados por erros táticos ou estratégicos. A seleção jogou o que se devia esperar dela sob o comando de Dunga. Foi cautelosa na primeira fase, como a maioria das grandes equipes, mas passamos tranquilos para as oitavas, liderando o grupo. Seria burrice esperar que a seleção desse goleadas na Coreia do Norte ou Costa do Marfim: não era preciso. Se empatamos com Portugal é porque não precisava ganhar. Futebol de resultados. Só isso.
Ao contrário do jogo feio de 94, quando passamos relativamente bem na primeira fase e depois fomos pra uma sequência de jogos fuleiros, até culminar no empate com a Itália, dessa vez fizemos um belo 3 x 0 contra os fregueses chilenos (bem diferente dos 1 x 0 contra os EUA de 94, que técnico e jogadores consideraram na época o "jogo mais difícil até agora"). E já íamos para mais uma boa vitória contra os holandeses. Fizemos dois bons gols, um dos quais anulado e encerramos o primeiro tempo tempo com tranquilidade para meter mais um ou dois no segundo.
Mas foi aí que a desgraça aconteceu.
Numa falha ridícula entre Júlio César e Felipe Melo, tomamos um gol contra. Veja bem: não foi a Holanda que engrossou o pescoço: fomos nós que falhamos. Aí, empatados, a seleção perdeu o pique. No segundo gol, gol fuleiro, em dois toques de cabeça, a seleção brasileira perdeu o resto: a vergonha, a coragem, a moral, a compostura e o jogo.
Foi isso que tirou o Brasil da Copa: a falta de estrutura psicológica para aguentar tomar um ou dois gols e receber isso como uma coisa normal de jogo, como um incentivo pra partir pra cima. Ao contrário, a seleção deprimiu. Um bando de moleques mimados, acostumados a ter tudo o que querem num estalar de dedos, paparicados por todo mundo, nunca contrariados em nenhuma vontade, não aceitou quando a Holanda puxou o pirulito de suas mãos.
Perdemos porque em campo não havia Homens. Havia um bando de mariquinhas mimados, criançolas choronas, imaturos. A cara de bebê chorão de Júlio César depois do jogo é o retrato perfeito do que nos fez perder aquele jogo para uma Holanda que não tava jogando esse bolão. Se estava, por que não goleou o Brasil? Seria fácil depois dos 20 min do segundo tempo. Não fez porque não era esse time todo. Repito: perdemos porque a seleção "desabou", como uma mocinha que leva um pé-na-bunda do namorado, o Brasil entrou em depressão, perdeu a energia, perdeu a vontade, perdeu o ânimo, o tesão.
Dá pra ver na cara dos jogadores. Em determinado momento, vai ser batida um falta contra o Brasil e vemos um close no rosto de Júlio César fechando os olhos e dando um suspiro profundo! Faltavam uns 20 minutos ainda. Por que esse desespero? Mais adiante é o Brasil que vai bater uma falta e o jogador (não lembro quem), em outro close revelador, passa a mão na cara desolado, como se aquele fosse o último pênalti, definidor, depois de uma prorrogação. Pudemos ver, desanimados, como a seleção parava no meio de campo, extenuada, e a bola chegava na área de ataque sem ninguém pra receber o passe e marcar.
Finalzinho de jogo, quando faltavam poucos segundos (dois, três minutos), a seleção teimava em ficar no meio de campo. Pra quê, meu deus? Se tomasse mais 2 ou 3 gols não importava. Mas se empatássemos, salvávamos a partida. No jogo dos EUA com Gana, pudemos ver a garra com que o time foi pra cima, o próprio goleiro Howard na área, disputado bola com o goleiro ganês. E nossos meninões mimados, reclamando cartão ("Unhéééé... Seu juiz, ele bateu em mim! Dê cartão pra ele, dê!"), perdendo tempo quando só tínhamos um ou dois minutos pra empatar.
Dunga teve culpa sim, mas indireta. A expulsão de Felipe Melo e seu gol contra não teriam acontecido se ele tivesse aceitado o que até as vuvuzelas sabiam: Felipe faria "mais falta" em campo do que fora. Mas se tivéssemos um time de Homens, psicologicamente fortes e capazes de transformar a adversidade em energia, teríamos passado sim pela Holanda que, repito, não jogou nenhum bolão, mas um futebol regular contra uma equipe de mocinhas deprimidas.
Infelizmente, a cada geração, os homens brasileiros parecem se tornar mais mocinhas e mais mimados. Vai ficar difícil escalar uma seleção pras próximas copas.
. . .
(Pra quem fala mal de Dunga sem conhecimento de causa, o Terra Esportes fez um balanço de sua atuação comparada com a de Maradona. Tá aqui: http://tinyurl.com/terraesp)
atualização em 26.7.2010: O jogador que ia bater o pênalti era Daniel Alves. Vi num compacto no domingo seguinte, junto com muitos outros sinais da "depressão" verdeamarelada.
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