Em 1986, aos 48 anos de
idade, Ed McCabe, um dos maiores gênios publicitários de seu tempo,
largou a propaganda e a empresa em que era sócio e foi viver a
grande aventura do rally Paris-Dakar. Em 2013, sem ter nem sombra do
talento de McCabe – mas pelo menos com a mesma idade –, estou
seguindo o mesmo caminho.
Não o do Paris-Dakar.
Deixo a vida publicitária para viver outra aventura: a do
conhecimento. Estou me retirando da Faz e da propaganda para poder me
dedicar full-time ao meu curso de filosofia.
Não é uma decisão
fácil. A propaganda tem sido a minha vida desde os 20 anos e nunca a
considerei um “trabalho” – algo que se faz por dinheiro.
Ela está impregnada na
minha vida e é por isso que preciso largá-la: porque meu
“expediente” não se limita ao tempo que passo em frente ao Mac,
mas se estende as 24 horas do dia, por tudo que faço.
Sair da Faz,
especificamente, é ainda mais difícil. Foi na Faz que passei metade
de minha vida, numa sociedade que tem sido uma das mais longevas do
mercado potiguar. Juntos, eu e Ricardo Rosado, amigo e professor,
enfrentamos tudo o que o país passou no último quarto de século,
sem nunca deixar cair a peteca.
Na Faz também convivi
e trabalhei com várias dezenas de profissionais e aprendizes,
clientes, fornecedores e veículos.
Gente com quem criei
muitas vezes laços de amizade.
Mas chegou o momento de
novas aventuras. Trabalhando, eu não teria como fazer as muitas
leituras que a filosofia me cobra. Troco Ogilvy, McCabe e Milton
Glaser por nomes mais estranhos, como Heidegger, Wittgenstein e
Arthur Schopenhauer.
Agradeço a todos que
fizeram comigo essa jornada de uma vida, por tudo que pude aprender
em nosso convívio.
Meus planos são apenas
para o futuro imediato: concluir meu curso e me engajar em uma pós
na mesma área. Não sei se um dia volto à propaganda ou se vou me
dedicar à academia. Aos que quiserem saber, informo que McCabe
voltou à propaganda apenas quatro anos depois.
Obrigado a todos.
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